As primeiras boticas de que se tem conhecimento apareceram por volta do século X.
O Boticário, uma espécie de médico e farmacêutico, era uma das personalidades mais importantes da povoação.
Entre almofarizes, retortas, funis, pipetas, pincéis para toques na garganta, frascos, filtros, prensas para a extração do sumo das plantas, espátulas e todo tipo de recipientes, organizavam-se as tertúlias (reunião de pessoas com interesses comuns / reunião habitual de intelectuais para troca de ideias sobre diversos temas) da povoação.
Eram realmente centros de saúde e cultura. Estes "profissionais" da medicina eram peritos, conhecedores dos males e enfermidades e da sua cura. Eram normalmente provenientes de famílias respeitadas e abastadas, economicamente bem posicionadas na sociedade, conheciam e falavam bem o latim, escreviam bem e demonstravam mediante certidão ou comprovativo de batismo, que eram pessoas de bem e que seguiam os bons costumes.
É claro que isso incluía também as plantas com que viriam a preparar os medicamentos. Alguns dos remédios serviam basicamente para apresentar soluções fáceis, tradicionais ou antigas para problemas comuns. Senão vejamos citando algumas:
Chaves de óculo
As antigas chaves de óculo não servem apenas e só para abrir fechaduras. Estas servem também para tratar boqueiras e treçolhos e evitam o ressonar. Se deixar uma chave de óculo no parapeito de uma janela durante toda a noite e esfregar o treçolho ou a boqueira com o óxido produzido pelo orvalho, desaparecerão de imediato. Para o ressonar deve pôr uma destas chaves debaixo da almofada.
Cebola e febre
Em caso de febre recomenda-se que se corte uma cebola ás rodelas e que se ponham no chão. De seguida deve pisar as rodelas de cebola com os pés descalços por aproximadamente meia hora. Se tiver que aplicar esta mezinha em crianças ou bebés, deve colocar as rodelas dentro das meias.
Sabão e cortiça
Contra as cãibras noturnas aconselha-se que se ponha aos pé da cama 1 barra de sabão cortada a todo comprimento e envolvida num pano ou numa meia. Para evitar as cãibras de dia convém que traga sempre consigo no bolso das calças ou na carteira 1 pedaço de cortiça cortado longitudinalmente.
Nas primeiras Boticas utilizavam-se certos instrumentos que entretanto caíram em desuso.
São instrumentos para manipular, medir, misturar e conservar as plantas e os produtos medicinais.
Desde a tradição da escrita, onde se apontavam todos os ingredientes e as porções e como administrar, as balanças que pesavam com precisão, o espremedor (instrumento de pressão) em que se espremia até à última gota, conseguia-se extrair o sumo ou a polpa de plantas e frutos.
Por último, havia ainda o instrumento de misturar e dissolver os preparados, que servia para homogeneizar um preparado e remexê-lo de vez em quando, mantendo a mistura hermeticamente fechada.
A produção de medicamentos na Idade Média, caracterizava-se pela manipulação em pequena escala de fármacos de origem vegetal, animal e mineral.
Os primeiros boticários em Portugal, terão surgido no século XIII e o primeiro documento que lhe faz referência, é um diploma promulgado por D. Afonso IV em 1338, que obriga a serem examinados pelos médicos do Rei, todos os que exercessem os ofícios de médico, cirurgião e boticário na cidade de Lisboa.